A verdade é ácida, o kibe é cru, e o debate é espinhoso.
Desde que publicamos o fatídico Super Trunfo Blogs punindo a carta do Kibe Loco, o melhor e mais conhecido blog de humor do Brasil, com uma maligna nota zero no quesito ORIGINALIDADE, não tivemos sossego. Centenas de e-mails, comentários e trackbacks (respostas à matéria publicadas em outros blogs) atolaram as caixas bostais do TRETA com os mais sinceros elogios às nossas ilustres progenitoras.
Enquanto alguns blogueiros prestavam tocantes depoimentos acerca de tristes episódios de plágio, outros correram em franca e gratuita (?) defesa ao proprietário do Kibe, o publicitário Antônio Pedro Tabet, tido por estes últimos como injustiçado e perseguido pela torpe inveja dos blogueiros aspirantes – no caso, a gente.
Agora que o debate (assim como as nossas orelhas) está esquentando, decidimos apresentar nossos argumentos e transformar opinião em engajamento. É com muito prazer, orgulho e cara-de-pau que lançamos oficialmente neste exato momento mais uma extraordinária e oportunista campanha TRETA por um mundo melhor e uma internet mais recíproca.
Depois de bradarmos aos quatro cantos da blogosfera “Diga NÃO ao PowerPoint!”, “Queremos Dani Koetz na capa da Playboy!”, e até mesmo, num momento de deslize, “Queremos um blogueiro na G Magazine!”, chegou a hora de renovarmos o fôlego para gritarmos a plenos pulmões:
Quem tem ou já teve um blog, site, ou algo que o valha, sabe muito bem que uma das melhores formas de reconhecimento neste ingrato ofício blogueiro é um belo e pomposo link publicado em uma página com acessos bombados. Lembro bem da primeira vez em que emplaquei uma matéria no Ueba, um site visitadíssimo que lista os melhores links do dia na página inicial. Eu escrevia no finado – e famigerado – Zonzo.com.br, cujo blog de capa era feito à mão no FrontPage e sequer possuía um permalink (link próprio e permanente) em cada postagem. A emoção foi grande, a audiência bateu recorde e desde então eu passei a entender o verdadeiro valor de um link.
O ato de “linkar” é, senão o maior, um dos maiores diferenciais da mídia cibernética. A revolução do hypertexto veio com o intuito de permitir que o editor vinculasse um endereço de internet a uma determinada palavra ou expressão dentro de seu texto, direcionando o seu querido leitor a um novo destino – pela bagatela de um clique de mouse.
Imagine se você pudesse encostar o dedo numa palavra qualquer em uma notícia de jornal para acessar outras publicações a respeito. Agora imagine um editor que tem a chance de tornar isso realidade em seu veículo de comunicação e se recusa a permitir que seus leitores tenham acesso às fontes de referência por pura preguiça, ou vaidade, ou preciosismo, ou avareza…
O caso dos grandes editoriais online é clássico. Seguindo a velha prática do jornalismo mão-de-vaca terceiro-mundista, os grandes portais têm o péssimo hábito de publicar matérias envolvendo ocasiões em que um simples link soaria adequado, eficiente e esclarecedor. Mas não. Como se abrir um tag “a href” fosse pecado mortal nas redações profissionais, na maioria das vezes as notícias desses jornais virtuais preferem omitir a referência, mencionando apenas “um site” ou “um famoso blog da internet” – reparem no uso indiscriminado do artigo indefinido.
Grandes portais, como o Terra, não linkam quem não paga
Ainda mais deprimente é ver um autêntico blogueiro, alguém que nasceu na várzea do Blogspot e conhece muito bem a relevância de um link recebido, amarrando miséria na hora de fazer referência ao trabalho alheio.
Em busca de pauta para suas próprias publicações, qualquer editor coleciona páginas de fontes de inspiração em seu bookmark. Quem tem um blog de grande visitação recebe centenas de indicações e sugestões de pauta por e-mail, muitas das quais enviadas por outros blogueiros imbuídos do espírito colaborativo típico da blogosfera. Quando uma dica dessas vira conteúdo, que mal há em retribuir a gentileza com um pequenino link no rodapé da postagem?
Quem faz humor mambembe e cretino, especificamente, está no meio do tiroteio de idéias geniais, grandes sacadas e trocadalhos do carilho. Se um fato ganha repercussão em âmbito nacional, imediatamente milhares – quiçá milhões – de pretensos humoristas se colocam a inventar tiradas oportunas ao tema para suas publicações. A probabilidade de rolarem piadas coincidentes é enorme, e a culpa não é de ninguém. Piada não tem DNA.
Outra coisa completamente diferente do exposto acima ocorre quando a gente vê uma matéria exatamente idêntica em blogs distintos e não-conectados.
Na grande caixa de reverberação de conteúdo que se tornou a blogosfera de resultados dos dias atuais, é comum vermos assuntos do momento (os famosos hypes) ou mesmo postagens inteiras se replicarem como clones nos mais variados blogs. A gente aqui do TRETA mesmo tá cansado de fazer isso. Se a idéia é boa o suficiente pra não morrer em um único site, torna-se conveniente e necessário dar repercussão ao tema publicando uma nota curta ou até desenvolvendo o assunto com conteúdo derivado. A blogosfera se alimenta dessa política de escambo editorial.
O que não pode acontecer é um editor encontrar um assunto interessante e apropriar-se da idéia como se tivesse sido parida de seu próprio ventre. Colocar uma vinheta de abertura em um vídeo alheio ou carimbar uma imagem com o endereço do seu blog não é errado. Aqui está-se simplesmente identificando a publicação em que foi encontrado o conteúdo eventualmente replicado. O sacrilégio reside na ingrata omissão da fonte, na inexplicável não-publicação de um mísero e singelo link de referência ao URL que lhe serviu de inspiração.
Homenagear a fonte geralmente não demora nem meio minuto
Em tempos de Google e seu pagerank, um link é mais que um simples atalho para uma URL. Um link é uma sugestão, uma recomendação, uma referência. Mencionar suas fontes é mera questão de bom-senso. Linkar os compatriotas da blogosfera, ainda que sem necessidade, é ser justo, gentil e generoso. Não deixe a avareza tomar conta do seu blog! Linkar não dói, toma muito pouco tempo e não custa absolutamente nada.
Quem linka em abundância favorece aos leitores, aos linkados e a si próprio, ajudando a construir uma teia efetivamente bem amarrada de editoriais e fortalecendo a blogosfera como um todo. E quem disse isso não fui eu, mas gente do quilate de um Meio Bit ou um Fábio Seixas. Alguém ainda duvida que linkar é preciso?
O Kibe Loco é um blog mais do que original. Antônio Tabet é um gênio criativo, um pioneiro de primeira grandeza, que merece todas as homenagens blogueiras por ter aberto portas e desenvolvido um modelo editorial que é reproduzido em larga escala em quase todos os blogs do gênero, inclusive aqui no TRETA.
Apenas como um exemplo ilustrativo de inúmeros outros casos, a idéia de causar polêmica com uma indicação inusitada para a capa da Playboy não é nossa nem tampouco da Madame Bela. Quem inventou essa história foi o Kibe, quando lançou a famigerada capa com a senadora Heloísa Helena e fez o assunto chegar ao plenário da nossa combalida vergonha nacional.
A despeito dos famosos imbróglios de ourora envolvendo o Kibe Loco, o Eu Heim e o Cocadaboa, culminando no afeminado “fim da amizade” entre estes três blogueiros, a crítica que o TRETA fez – e mantém – ao blog de Tabet está na inexplicável usura, avareza e pão-duragem com que o ilustre descendente de árabes lida com a publicação de links em sua página. Talvez por não querer se responsabilizar pela indicação, talvez por imaginar que determinados blogs simplesmente não merecem a honra e o privilégio de serem linkados no Kibe, ou talvez por não querer abrir precedentes para a gratuidade em suas páginas, cada vez mais monetizadas.
A verdade é que toda esta campanha se inspirou na notória, injustificada e compulsiva necessidade kibeana de não-linkar. Dentre milhões de casos similares relatados por todos os blogueiros que já se relacionaram de alguma forma com Tabet, houve uma vez em que o Kibe mencionou o nome do DJ Raphael Mendes, seu assíduo colaborador, umas dezoito ou dezenove vezes num mesmo post sem abrir um único mísero link para o blog do “parceiro”, o Bobagento.
Até a Wikipedia, como bem observou Mr. Manson, conhece a fama do turco
Aprenda comigo, tio Kibe: Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento, Bobagento. Viu? Nem doeu…
Esperamos sinceramente que o nosso lacônico, prolixo, enfadonho, cansativo, redundante e pleonástico manifesto “USURA NÃO!” consiga enternecer o turco coraçãozinho do nobre blogueiro. Não com qualquer esperança de um dia vermos um link para o TRETA no blog de humor mais acessado do país (o que já não passa pelas nossas cabeças há muito tempo) mas com o singelo intuito de provocar uma pequena reflexão no seio da blogosfera. Uma reflexão alimentada pela certeza de que a humildade é disparadamente a maior das virtudes humanas, e de que o link é a mais poderosa arma que nós temos nas mãos para lutar por uma internet mais recíproca.
Então é isso. O blogueiro que eventualmente concorde com os argumentos enunciados acima e pretenda aderir à causa da generosidade na blogosfera, fique à vontade para estampar um dos três modelos do banner da nossa campanha contra a avareza em seu blog:
a) 300 x 300 pixels:
b) 140 x 300 pixels:
c) 120 x 200 pixels:
Considerem-se também todos convidados a participar do já turbulento debate sobre a campanha que está rolando no box de comentários deste post.
E se você quer ver o link do seu site ou blog devidamente estampado nas páginas do TRETA, entenda que nós não estamos falando de estabelecer uma rede filantrópica de jabás injustificados e gratuitos. Só quem recebe link injustificado e gratuito aqui no TRETA é o Kibe Loco.
Envie um e-mail para treta@treta.com.br indicando uma matéria interessante pra nossa pauta, obviamente com o devido link direto da fonte.
As sugestões que forem aprovadas pelo Comitê Deliberativo do TRETA vão se materializar na capa do site com um garboso link de referência publicado em Arial, negrito, tamanho 18.
É o mínimo que a gente pode fazer pra dar o exemplo.
Agradecimentos especiais aos cúmplices oSanitário e Alforria, da Confraria Secreta de Blogueiros Capixabas, que se solidarizaram à causa desde o começo.