Aprenda com este guia básico cheio de dicas práticas como fazer o seu próprio podcast com pouco investimento!
Antigamente o blog era o meu espaço favorito, oficial e oficioso, para fazer desabafos profundos, textões emocionados e anúncios editoriais de grande importância (para mim). Hoje, com tantas redes sociais cheias de funcionalidades e conexões especiais, mais atraentes e adequadas para metalinguagens e conversações do tipo, reservei ao treta.com.br (agora chamado mais apropriadamente de “site”) apenas os conteúdos de interesse mais geral, ou específicos do nosso público, deixando os textões e o mimimi pra outras redes.
Por isso, uma das mudanças mais profundas que o TRETA já viveu desde seu lançamento em 2005 passou sem registro no nosso Diário Oficial, correção que fazemos agora, acrescentando um pequeno testemunho de nossa experiência e um singelo tutorial para inciantes interessados em seguir nossos passos.
O fato é que depois de quase 11 anos de textos, imagens e vídeos publicados em mais de 8.000 (MAIS DE OITO MIL!!!!!!) postagens, em julho deste ano de 2016, começamos a produzir e publicar em nosso site também conteúdo em áudio.
Estou falando obviamente do TRETA Talks, nossa investida nesta mídia em ascensão no mundo todo: o podcast.
O que é o TRETA Talks?
Já que nos reposicionamos editorialmente no anos passado, assumindo como lema, missão e slogan a frase “Assistindo a revolução” (observe que “assistir”, no caso, é transitivo direto, no sentido de “ajudar”, “auxiliar”, e não no sentido de apenas “observar”), decidimos colocar a mão na massa e dar mais um passo em nossa jornada revolucionária, divulgando em um novo canal ideias e diálogos despretensiosos que levam a grandes reflexões sobre a contemporaneidade.
Através de episódios semanais, trazendo convidados especiais para conversar sobre temas específicos da revolução em andamento, com duração entre 30 min e 1 hora, estabelecemos efetivamente uma nova forma de conversar com os milhares de leitores fidelizados do TRETA, que agora se tornam milhares de ouvintes (atingimos a média de 1.500 downloads por episódio desde a décima edição).
De cara, falamos sobre o fim da blogosfera, um drama que vivemos na pele página, e logo em seguida fomos desafiados a gravar um episódio resposta. Depois trouxemos à pauta: churrasco, maconha, produção audiovisual, marketing digital, tecnologia móvel, tendências de social media, ideologia política, futebol americano, crowdfunding, realidade virtual, humor politicamente correto, eleições, educação infantil e comunidades alternativas. Tudo isso apenas no primeiro trimestre de atividades!
Depois de perceber que nossos papos acabavam caindo sempre no viés de propor ponderações transformadoras, e homenageando o principal podcast que me influenciou a arregaçar as mangas, o Não Ouvo, decidi que o slogan mais adequado para nosso subproduto seria “Auscultando a revolução”, fazendo também um trocadilho cretino, mas cheio de significado:
Mas eu ainda prefiro o velho lema informal: “Contra burguês, baixe mp3!”.
(clique aqui para assinar nosso podcast no iTunes)
(clique aqui para assinar nosso podcast no Android)
(clique aqui para saber mais sobre o TRETA)
Mas… o que é podcast?
Podcast é um formato de mídia relativamente novo, que consiste primordialmente na distribuição de conteúdo em aúdio, geralmente periódica, mas que também pode ser publicada eventualmente ou em série limitada.
Trocando em miúdos: é um programa de rádio “na internet”, que você pode baixar ou ouvir por streaming a hora que quiser.
A maioria dos podcasts brasileiros são no formato de conferências, bate-papos ou entrevistas, permeadas de músicas, efeitos sonoros e/ou transcrições de áudio, como trechos de filmes e séries, mas também existem programas com um único apresentador e até mesmo áudio-dramas, que lembram as antigas rádio-novelas.
No nosso caso, por exemplo, temos um podcast semanal de entrevistas e debates integrado aos demais conteúdos do site, com todos os posts da categoria PODCAST contendo um player de áudio e os devidos links para download do arquivo ZIP/MP3 do respectivo episódio.
Como consumir podcasts?
Com os ouvidos.
Além da opção de ouvir direto pelo site do podcast, geralmente é possível assinar o conteúdo através de uma antiga tecnologia que já foi a alma de antigos blogs como o TRETA: o feed.
O feed é a ferramenta responsável por avisar aos aplicativos agregadores de podcasts sempre que cada episódio novo for publicado.
Portanto, para receber notificações e agilizar o download dos episódios recentes de um podcast, basta você ter um aplicativo destes instalado no seu smartphone, ou mesmo acessar um aplicativo que possua versão para navegador, e procurar pelo nome do podcast ou título do episódio.
No iPhone eu uso o app nativo da Apple, e no Android, o Player FM.
Mas o que não falta é opção…
Quais podcasts ouvir?
Além do #TretaTalks que obviamente deve ser o primeiro e mais amado da sua lista, você pode pesquisar nos aplicativos (ou mesmo no Google), podcasts segmentados com temas específicos de sua preferência. Atualmente existem vários títulos dedicados a esportes, áreas profissionais, segmentos artísticos e culturais, etc.
Se nada lhe ocorre e você segue sem ter por onde começar, deixo aqui minha lista pessoal de podcasts favoritos e recomendados que assino e escuto (quase) todos os episódios publicados:
- Nerdcast
- Não Ouvo
- Braincast
- Anticast
- Pouco Pixel
- Decrépitos
- Projeto Humanos
- Matando Robôs Gigantes
- Tecnicalidade
- Mamilos
- Código Aberto
Outros podcasts de sucesso e qualidade altamente recomendados (que escuto eventualmente quando rolam temas de meu interesse):
- Rádiofobia
- Pauta Livre News
- SciCast
- Rapaduracast
- Café Brasil
- GunCast
- Escriba Café
- Foras de Série
- Na Porteira Cast
Como produzir um podcast?
Se você chegou até aqui, ainda mais sendo este o mote do título, é provável que esteja com vontade de criar e publicar o seu próprio podcast. Já que eu comecei o #TretaTalks há apenas 4 meses, talvez possa compartilhar alguns dos aprendizados básicos que os iniciantes enfrentam.
Antes de tudo, claro, é importante ter certeza de que o podcast é mesmo a mídia mais adequada aos seus planos. Não que eu esteja tentando desanimar a possível futura concorrência, mas pra quem não tem muita noção de como funciona parece fácil. E não é. Mesmo. Mas também não é impossível. Quanto mais trabalhoso o processo, melhor o resultado, e mais recompensador…
A reflexão inicial que acho válida é: não seria melhor partir direto pro vídeo e montar um canal no YouTube? Afinal de contas, se o podcast é o “novo rádio”, o videocast é a “nova televisão”, uma mídia ainda mais popular e promissora.
Agora, se sua ideia for mesmo começar um podcast, o melhor que posso falar pra você é um nome (e um sobrenome): Léo Lopes.
O Léo (intimidade de fã) é o patrono informal da “podosfera” brasileira e fundador da mais bem sucedida empresa voltada à produção de podcasts no Brasil, a Radiofobia, que não por acaso edita o maior podcast do país.
Se você não tem grana pra pagar o serviço de edição profissional, pode investir uns trocados fazendo cursos online de produção e edição de podcasts do próprio Léo Lopes. E se você não tem dinheiro nem pra pagar os cursos, pode usufruir do vasto material disponibilizado gratuitamente pelo generoso mestre, principalmente na forma do podcast Alô Ténica!, com dicas valiosas que me possibilitaram virar um “podcaster”.
Léo resumiu as preocupações essenciais de um produtor de podcast em uma lista de 7 P’s (e gravou um episódio sobre cada item):
Deixar os links para você ouvir os episódios acima é uma ajuda muito mais enriquecedora do que se eu tentasse explicar com minhas palavras os cuidados principais que você deve ter. Portanto, ouça!
Então eu vou ter que gastar dinheiro?
Em tese, a produção de podcasts envolve os seguintes gastos básicos:
1. compra de um microfone e um mixer para captação e gravação;
2. investimentos em serviços profissionais de edição ou cursos para você se tornar um profissional de edição (como os mencionados acima);
3. compra da licença de um software de edição (como o Sony Vegas);
4. mensalidade de servidores de hospedagem para os arquivos (como a BluBrry);
5. investimentos em serviços profissionais de design e desenvolvimento para o site, logo, identidade visual, elementos visuais dos episódios e/ou divulgação.
Claro que existem muitas outras formas de investir dinheiro na produção do seu podcast, como por exemplo, contratar um roteirista ou uma celebridade para turbinar a qualidade e a audiência (respectivamente) do seu podcast, mas eu imagino que você esteja buscando justamente o contrário: enxugar custos.
Minha estratégia pessoal para resolver os 5 itens orçamentários acima e produzir o #TretaTalks com custo mínimo foi:
1. Já que adotamos o formato de entrevistas pelo Skype e não posso exigir muito dos microfones dos convidados, comprei um headset da Microsoft com excelente custo-benefício (o mesmo que a maioria dos participantes remotos do Nerdcast utilizam), e uso meu iPhone pra fazer backup do meu áudio.
2. Aprendi a editar na unha caçando tutoriais no YouTube.
3. “Peguei emprestado com um amigo”.
4. Uso a hospedagem que já pago pro TRETA na E-consulters, com plugin para WordPress e estatísticas do serviço gratuito fornecido pela BluBrry.
5. Uso o know how e audiência que desenvolvi com o TRETA. Nada te impede, contudo, de começar do zero ou quase do zero também nesse quesito.
Mais alguma dica?
Sim, mais algumas:
- Inove no conceito e no formato do seu podcast, por mais que as influências e referências sejam inevitáveis, uma cópia barata de outro título dificilmente vai superar o original ou agradar ao público.
- A propósito, escolha um nome que não seja “Qualquercoisacast”.
- Prepare um roteiro/pauta para o programa, estude os temas, converse antes com os participantes.
- Se for gravar com convidados pelo Skype, certifique-se de que eles possuem: fone de ouvido/microfone, internet com velocidade razoável, ambiente com tranquilidade razoável.
- Não seja um chato insistente ao convidar participantes/entrevistados. Invista naqueles que se mostrarem mais abertos e empolgados em colaborar.
- Para gravar as conversas remotas utilize mais de um programa simultaneamente. Quem tem dois, tem um; quem tem um, não tem nenhum. Eu uso os gratuitos MP3 Skype Recorder e Audacity.
- Na hora de gravar, feche portas e janelas, silencie todos os devices e desligue todas as fontes de ruídos, como ventiladores e coolers.
- Não esqueça de conferir se os programas estão rodando durante as chamadas no Skype.
- Faça o máximo de backups possíveis, de tudo, o tempo todo.
- Mesmo com todas as preocupações técnicas, lembre-se de estar relaxado e concentrado na sua apresentação ou participação durante o programa.
- Não tenha preguiça de aprender e se aperfeiçoar na edição, principalmente se for iniciante.
- Use trilha sonora branca para não ser punido caso escolha publicar seus episódios em plataformas como o SoundCloud ou mesmo o YouTube. Ou simplesmente para não ser multado ou punido judicialmente.
- Não seja um chato insistente na hora de divulgar seu podcast. Ninguém vai ouvir a não ser que pareça interessante e atraente.
- Saiba ouvir as críticas. Desconfie dos elogios.
- Esteja aberto a mudar e testar novas fórmulas. O tempo todo.
- Não sei se eu já mencionei fazer backups. Muitos backups.
- Não chore nem ameace largar tudo quando der pau em algum software e você perder a gravação de um episódio que tinha ficado totalmente maravilhoso (ainda estou trabalhando nisso).
Por onde começar?
Assim como a melhor forma de se inspirar pra escrever é ler, a melhor forma de dar os primeiros passos na direção da “podosfera” é ouvir.
Além dos podcasts que mencionei nesse post (principalmente os educativos do Léo Lopes), ouça também o Nerdcast sobre podcasts, conheça a “família” B9 de podcasts, acesse o Mundo Podcast, assista às palestras online da Campus Party sobre o tema, pesquise, futuque, expanda seu universo.
E, claro, ouça atentamente todos os episódios do #TretaTalks para perceber nossos macetes, recursos sonoros e a evolução dos programas ao longo desses poucos meses…