Neste 2009 que se passou, concedemos várias entrevistas por e-mail a estudantes universitários que pesquisavam o universo dos blogs e das mídias sociais. Por solidariedade acadêmica, quase uma compaixão de quem já se formou e sabe o inferno que foi, costumamos atender a todos os pedidos de colaboração acadêmica como estes que nos chegam – ainda que as perguntas sejam sempre meio repetitivas.
Pra não dizer que são todas totalmente iguais, trago abaixo a nossa entrevista mais recente, com uma comparação simpática feita pela Nathalia Lorencini na última pergunta:
Primeiro, gostaria que explicasse melhor o que é o blogcamp?
Blogcamp é um encontro de blogueiros com finalidade declarada de trocar idéias sobre a atividade blogueira e a comunicação na internet. Geralmente são organizados por quaisquer blogueiros que decidam tomar a frente da coisa, e acabam recebendo apoio dos demais, seja na produção, busca de local, apoio, ambiente para uma confraternização com álcool, ou mesmo na divulgação. O grande diferencial de outros eventos como palestras, congressos e conferência é que os blogcamps são colaborativos, pautados mais em debates do que em explanações e organizados democraticamente conforme a vontade da maioria. Quase sempre.
Acredita que é possível definir uma característica comum entre os blogueiros?
Com a gama de pessoas adentrando o universo dos blogs fica cada vez mais difícil dizer que blogueiro é assim ou assado. Existem nerds, escritores, marketeiros, jornalistas, articulistas, senhoras idosas, pré-adolescentes, baladeiros, políticos, publicitários, cartunistas, todo o tipo de gente está chegando, se mostrando, e a tendência é que a cena se diversifique cada vez mais. Contudo, para fins meramente ilustrativos, existe aquele estereótipo de que o blogueiro padrão (por maioria numérica) seja aquele cara fanático por internet e tecnologia, provavelmente virgem, mas com o ego inflado devido à meia dúzia de elogios que andou ouvindo ao seu blog.
Quais os desafios que você encontrou até ter um blog lido por gente de vários lugares do país? O que você sente sabendo que é reconhecido entre o grupo de blogueiros?
Quando você pensar em fazer um blog deve ter em mente que até conseguir que alguém além dos seus próprios amigos acesse o seu blog, demora um pouco. A sensação de estar falando sozinho não é muito agradável, mas na internet, nem um pouco verdadeira. Seu texto fica ali, à disposição de quem quer que seja, em todo o mundo, e a qualquer momento pode ser divulgado por alguém que o tenha lido e gostado. O melhor feedback pra quem escreve num blog são os comentários e reações a cada novo artigo postado. Quanto maior a polêmica, a participação dos leitores e a repercussão geral, tanto melhor. Eu me dou por satisfeito de saber que pelo menos a mensagem está chegando a várias pessoas. Espero do fundo do meu coração que o nosso reconhecimento como um blog do primeiro escalão brasileiro esteja a penas começando.
Sabemos que existem os preconceitos a tudo que é novo e diferente. Você acha que ser blogueiro é como ser hippie nos anos 70? Há um certo preconceito ou existe uma boa aceitação?
Talvez exista realmente um paralelo no tocante à incompreensão geral de um novo estilo de vida. Mas os donos de blogs estão com o filme em dia com a sociedade organizada: são bons meninos, pagam impostos, manjam de tecnologia e estão na crista da onda. Ter um blog é uma atividade enriquecedora, recomendável a qualquer tipo de pessoa que possa ter interesse em se comunicar. Contudo, se eu pudesse escolher, preferia ser hippie.
Alguém me acorde quando rolar um Blogcamp estilo Woodstock.