Marcelo D2 + Dead Fish


O mundo dá muitas voltas. Aos onze anos de idade fui mandado pra diretoria do colégio católico em que eu estudava por estar portando um CD do Planet Hemp em sala-de-aula. Lembro também quando ganhei do meu pai o primeiro CD do Dead Fish e, como ainda não tinha ouvido, quase troquei com um colega de sala pelo segundo acústico do Titãs(!). Resolvi ouvir um pouco do hardcore daquela banda capixaba chamada “peixe morto” antes de fazer a troca e acabei mudando de idéia.

Os dois episódios ilustram bem o fato de que eu acompanho a carreira do Marcelo D2 e do Dead Fish desde os primórdios. E qual não foi minha surpresa ao descobrir que ambos estariam juntos gravando um show naquele esquema de mistureba musical da Coca-Cola justamente em Vila Velha, Espírito Santo, território do TRETA.

Como se não bastasse, a Espalhe, agência de marketing de guerrilha cujo trabalho venho acompanhando desde que eles compraram o passe do Mr.Manson, nos enviou um convite para participarmos da gravação do Estúdio Coca-Cola Espírito Santo. Mal pude acreditar.

Que a onda de jabás vem tomando conta da blogosfera, não é novidade. Com o crescimento da força dos blogs, finalmente as empresas voltaram os olhos – e as verbas – para os macacos humildes publicadores independentes. Mas eu não esperava fazer parte dessa bocada tão cedo, muito menos que o nosso primeiro convite fosse para uma promoção realmente interessante.

O projeto da Coca já juntou o próprio D2 com o Lenine (outro fodão da MPB), a Pitty com a Negra Li (hip-rock?) e o Nando Reis com a banda Cachorro Grande (vamos ignorar o NX Zero com Armandinho, ok?).

O ápice da ousadia da campanha foi misturar o axé-music do Babado Novo com o emo-core do CPM22. Tática de guerrilha total. Imediatamente quando li que eles iriam tocar juntos fiquei numa espécie de estado de choque: torci o nariz, mas fiquei extremamente curioso. Minha preocupação não era nem se ficaria bom ou ruim, mas apenas se seria tecnicamente possível de realizar tão heterogênea combinação, e fiquei tentando imaginar qual das duas bandas estaria mais constrangida de estar dividindo o palco com a outra. Que nada. O resultado foi bem interessante: ora um batuque cheio de suíngue no meio da paulera, ora um peso de guitarra no meio de um hit carnavalesco.

As duas bandas, como bem se sabe, são poderosos caça-níqueis de suas gravadoras, fabricadas minuciosamente para vender. Pela peculiaridade e ousadia do projeto, porém, achei que ficou bem bacana. E cá entre nós, a gostosa da Cláudia Leite pode cantar até o hino do XV de Piracicaba em mandarim que a galera se amarra.

Quem não está gostando nada dessa história são os xiitas. Não tenho saco para puritanos em nenhum aspecto, mas quando o assunto é música os caras exageram. Qualquer experimentalismo musical ou incursão comercial de seus ídolos e já saem dizendo que eles “se corromperam”, “se venderam ao sistema capitalista-ocidental-cristão”, “traíram o movimento”. Coisa de gente sem vida sexual. Ou sem cérebro.

Eu quero mais é que todo mundo se funda! Se não fosse a mistura de sons, ritmos e idéias, o próprio rock and roll não existiria. Faz parte da teoria da evolução a necessidade da mistura para o aprimoramento.

E quem melhor para fazer um som “mesclado” que o D2?

O show do Dead Fish com Marcelo D2 no Estúdio Coca-Cola vai rolar no dia 2 de setembro, domingo, às 17h, no Clube Libanês (o mesmo em que tomei meu primeiro porre), em Vila Velha, ES. Quem estiver interessado em assistir a experiência de perto vai ter que participar de um inusitado troca-troca (ui!).

Serão distribuídos em pontos estratégicos da Grande Vitória (veja abaixo) alguns pares de pulseiras para fãs do D2 e outros tantos para fãs do DF.

Só que pra conseguir descolar um ingresso, o fã interessado deve trocar uma de suas pulseiras com alguém que estiver com um par do outro artista.

Amanhã (sexta-feira, 17/08), vai rolar a primeira galinha-gorda de pulseiras em algumas quebradas de Jardim da Penha:

9h30 – Colégio UP – Av. Eugenílio Ramos
11h30 – Colégio Darwin – Av. Fernando Ferrari
12h30 – McDonald’s – Av. Fernando Ferrari
20h – Sorveteria Kiabai – Av. Anísio Fernandes Coelho
21h – Praça Regina Fumo (belo nome, heim…)

Lembrando que se você não sabe como chegar lá, azar o seu. É bom que sobram mais pulseiras para os despachados que sabem pedir informações.

Ou que sabem usar o Google Maps (boa, Rafa!).

Maiores informações sobre o evento e as próximas distribuições de pulseiras, você pode conferir a qualquer momento aqui no TRETA ou na comunidade Estúdio Coca-Cola ES no Orkut.