Mensagem subliminar em música de Marisa Monte


 

marisa.nepSe a cantora brasileira Marisa Monte fosse algo como uma “Marisa Quebra-Barraco” e cantasse músicas (ainda) mais apropriadas para o contexto intelectual das classes populares, certamente haveria um sem número de versões alternativas de suas músicas (o chamado “Proibidão”), trascrevendo o real sentido de seus versos de uma forma mais direta e espontânea.

Ocorre que há alguns anos venho acompanhando a carreira e o acervo da diva da MPB (com fins meramente horizontais) e uma de suas músicas, “Não É Proibido” confirma uma inacreditável teoria sobre o caráter subversivo das mensagens de Marisa e aponta indícios mais que suficientes para classificar a cantora como a maior propagadora de mensagens subliminares – literalmente – cifradas em suas canções.

Ouça com seus próprios ouvidos:

 

 

Arts_And_Crafts_Candies Vejamos:

“Jujuba, bananada, pipoca,
Cocada, queijadinha, sorvete,
Chiclete, sundae de chocolate. (Uuuuh!)

Paçoca, mariola, quindim,
Frumelo, doce de abóbora com coco,
Bala juquinha, algodão doce e manjar. (Uuuuh!)

Venha pra cá, venha comigo!
A hora é pra já, não é proibido!
Vou te contar: tá divertido!
Pode chegar! (Uuuuh!)”

 

Logo nestes primeiros versos obervamos a perversão de Marisa sublimada na repetição de nomes conhecidos de balas e doces, um tradicional eufemismo para designar algumas variações de drogas sintéticas, como o ecstasy e o ácido lisérgico (LSD), muito consumidas em baladas eletrônicas – que sempre estiveram muito próximas do universo da diva através de remixes e versões autorizadas em drum’n’bass de suas músicas.

A terceira estrofe é um pouco mais enfática, configurando o explícito convite da cantora para que as pessoas adentrem este universo supostamente abundante em glicose, culminando com a expressão “não é proibido!” (que dá nome à música) transcrevendo todo o caráter transgressor de seu discurso.

Continuando:

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“Vai ser nesse fim de semana
Manda um e-mail para a Joana vir (Uuuuh!)
Não precisa bancar o bacana
Fala para o Peixoto chegar aí! (Uuuuh!)”

 

O primeiro verso da estrofe acima denota o aspecto temporal da conclamação contida na música, deixando bem claro a idéia de carpe diem (em tradução livre: “aproveite o agora”) existente em toda a obra.

Em seguida, Marisa nos entrega a prova cabal de que esta nossa análise minuciosa e capisciosa de sua música não se trata de delírio ou exagero por parte dos autores do TRETA. É sabido que no submundo dos usuários de substâncias entorpecentes as tribos de jovens urbanos se valem de um eficiente e prosopopeico código de comunicação interna, chamando seus tóxicos preferidos pelo nome de pessoas. Alguém duvida que a convidada mencionada no segundo verso da estrofe acima seria ninguém menos que a universalmente conhecida “Maria Joana”?

Já o “Peixoto” é uma pessoa mesmo: Marcelo Peixoto. Vulgo “D2”.

Por fim:

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“Traz todo mundo, tá liberado, é só chegar
Traz toda a gente, tá convidado, é pra dançar
Toda tristeza deixa lá fora, chega pra cá! (Uuuuh!)”

 

A música finaliza seu discurso libertário conclamando os interessados a ainda trazerem seus amigos para também participarem da orgia, deixando a tristeza e os problemas do lado de fora da festa, afinal de contas, “tá liberado”.

Chegamos ao final do estudo da mensagem contda na letra da música “Não É Proibido” concluindo tratar-se de uma canção de forte apelo popular que vislumbra, no mínimo, brincar com as possibilidades comucacionais de uma música introduzida diretamente no mainstream, vejam vocês, pelas grandes corporações.

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É óbvio que para uma singela parte dos ouvidos que atinge, a música de Marisa Monte diz claramente o que pretende dizer. Mas ocorre que, assim como boa parte dos leitores do TRETA que passam batidos sem entender metade das nossas piadas, uma fatia significativa do público de Marisa entoa seus refrões e se sacode com arranjos que na verdade ocultam a mais autêntica propaganda subliminar de um lifestyle completamente avesso à legislação pátria.

Logo na terceira faixa de seu disco de estréia, “MM”, lançado pela gravadora EMI em 1989, Marisa canta a música “Chocolate” de Tim Maia, deixando bem claras as metáforas contidas nos versos do polêmico cantor. E pra quem duvida de tudo isso que eu escrevi acima, me dei ao trabalho de subir um trecho desta “ode ao verde” para tornar ainda mais acessível e evidenciada a mensagem mais contundente de toda a obra de Marisa Monte:

Pronto, falei.