Experimento antropológico ou jogada de marketing?


Metodologia singela para medir a fé do ser humano:


“Qual religião se preocupa mais com os sem-teto?”

Cá está ele, nosso protagonista careca e barbudo, sentado no chão como quem espera o ônibus pra Marte, mas na verdade está montando um palco peculiar. O cartaz que ele segura, feito de papelão com letra de quem fez com pressa pra não perder o horário do almoço, indaga: “QUAL RELIGIÃO SE IMPORTA MAIS COM OS SEM-TETO?”.

E para não deixar a pergunta no ar, eis que surgem, dispostos impecavelmente no chão, como se fossem a vitrine de um bazar esotérico, várias tigelinhas. Cada uma delas, um rótulo: Muçulmano, Ateu, Espiritual, Agnóstico, Pagão, Budista e Cristão. É quase uma Olimpíada da Caridade, onde o ouro vai pra quem encher mais o potinho.

A gente olha e pensa: “Isso é um experimento antropológico ou uma jogada de marketing genial?”. Honestamente, tem um cheirinho das duas coisas, como um bom mocotó: denso e cheio de camadas.

Se for um experimento, o sujeito é um gênio da sociologia de rua. Imagina a tese de doutorado: “Impacto das Crenças na Generosidade Urbana: Um Estudo de Caso com Tigelas Plásticas”. Ele deve estar anotando tudo mentalmente, tipo: “Aha! Os pagãos estão surpreendendo! O karma está forte ali!”. É uma forma bem direta de testar a bondade alheia, sem aqueles questionários chatos. É tipo um reality show da caridade, só que sem câmeras (visíveis, pelo menos).

Mas se for marketing… Ah, meu amigo, o homem é um guru das vendas! Pensa bem: em vez de só pedir esmola, ele criou um jogo. Quem não vai querer que a sua crença seja a mais generosa? É o mesmo impulso de quando a gente compra mais fichas pra não perder pro amigo no fliperama. Ele transformou a doação num desafio, numa questão de honra religiosa (ou não-religiosa). É o panfletismo 2.0, com engajamento e tudo. Aposto que ele pensou: “Se eu só pedir, dão uma moeda. Se eu fizer virar competição, dão a carteira!”.

E a gente, claro, fica ali analisando os potinhos. “Vixe, o do Ateu tá meio murcho. Será que eles são menos generosos ou só mais céticos com as urnas?”. “Olha o do Cristão, cheio! Ufa, ainda há esperança!”. (Risos, mas com respeito, tá?). A verdade é que a gente se pega torcendo pra um ou pra outro, o que já mostra a eficácia do “experimento” (ou “marketing”).

No final das contas, o que importa é que o homem conseguiu chamar a atenção. Seja pra saciar a curiosidade acadêmica ou pra encher o prato, ele fez a gente parar e pensar. E pensar sobre quem se importa com os sem-teto já é um bom começo, mesmo que a gente não saiba se o careca barbudo é um cientista disfarçado ou só um marketeiro com fome. De qualquer forma, ele ganhou o nosso clique (e talvez uma moedinha, se a gente passasse por lá).

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Via Tumblr da Harpias.