Eu não sei quanto a vocês, mas avalio estes primeiros dez anos do milênio como extremamente promissores para tudo o que está por vir. Desde a virada do século, alvorada voraz, que o mundo assumiu de vez sua vocação à tecnologia e à modernidade, as novas experiências proporcionadas aumentam a impressão de que vivemos num admirável mundo novo.
O ano de 2000 me foi especialmente generoso. A maioridade eleitoral trouxe à tona algumas preocupações que antes não existiam, a presidência do Grêmio estudantil me conduziu às festinhas mais undergrounds da cidade e o ensino religioso me permitiu experimentar na escola o primeiro e único grande amor da minha vida.
De lá pra cá, passei por tudo aquilo que acredito ser válido atravessar na segunda metade de uma adolescência. E fui descobrindo que eu estava certo desde o início sobre quase tudo – inclusive sobre o desvalor da falsa modéstia.
Pra não ficar só no abstrato, posso dizer que nestes dez anos eu adquiri o direito a cela especial, descobri quanto custa a alíquota do Imposto de Renda, montei o blog mais lido do Espírito Santo, aprendi a romper o contínuo espaço-tempo e ainda deu tempo para desenvolver uma carreira sólida no ramo dos cereais líquidos de baixa temperatura.
Contrariando as pretensões de quem se propõe ser uma metamorfose ambulante, fui capaz de me transformar ao longo destes anos numa versão previsível do que eu era inicialmente.
O grande lance é que o rumo das coisas só é previsível pra quem me conhece por completo, mas não pra quem deduz erroneamente os estereótipos. Contradição das contradições, paradoxo dos paradoxos. Além do óbvio.
Como dizia o poeta Vianna: “o bom de viver é estar vivo”. E no meu caso, “vivo” significa estar ao lado das pessoas certas. Pra garantir, a gente se envolve, e quando vai ver se torna um ente coletivo, dotado de uma só alma. O amor é o que nos faz subir pra cima.
Dito isto, gostaria de compartilhar com vocês, meus amigos-leitores: irei me casar.
A Paz do Senhor!