Mídias sociais e a nova era dos festivais no Brasil


 

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No último sábado, aconteceu mais uma edição da XXXperience, um dos maiores festivais do Brasil ao lado da Kaballah – ambos, inclusive, mudaram seu “posicionamento” e “segmentação”, já que eram as maiores raves do país. Contudo, foi no domingo e principalmente na segunda-feira que uma “rebelião social” tomou forma e invadiu as redes sociais através dos canais oficiais dos eventos. Por sorte, eu estava lá e acompanhei quase que em tempo real.

Tudo começou quando alguns "jovens bronzeados" resolveram reclamar de suas experiências ruins, algo que poderia (e deveria) ser normal. Infelizmente, faltou inteligência na escolha das palavras e sobrou frustração devido aos inúmeros incidentes ocorridos, trazendo a tona todo e qualquer tipo de ofensa e injustiça que eu jamais tinha visto nas redes sociais. Veja bem, se você quer reclamar de alguma coisa que te frustrou, você vai e fala sobre aquilo. Após isso, ouve a justificativa e, se ficar tudo certo, segue sua vida adiante. Se não ficar, argumenta novamente e espera. Esse é o caminho.

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O que eu vi em tempo real foram pessoas criando tópicos de forma enfurecida e reclamando de tudo. O que o pessoal da XXXperience fez? Deletou e tirou o direito de qualquer um de reclamar de forma truculenta, se reservando ao direito de ouvir apenas críticas "justas" e ainda se propondo a respondê-las, quando surgissem. No auge da ironia, rolou até um "Podem reclamar do que for, exerçam seu direito a liberdade". Mesmo vindo segundos antes do "Não vamos responder mais nada e vamos excluir reclamações e ofensas", isso por si só soou mal.

Primeiro tenho que dar as pedradas: não acho que seja justo o que fizeram com o festival, até porque todas as explicações necessárias seriam dadas no momento oportuno. A distribuição gratuita de ofensas foi bizarra e sem sentido. Ponto. Do outro lado, a organização jamais poderia censurar qualquer reclamação que fosse sem antes considerar seriamente emitir um comunicado oficial, angariando os argumentos – mesmo os inválidos – e trazendo respostas as dúvidas pertinentes. Faltou um pouco de agilidade para conter e gerenciar essa crise.

A Kaballah, que até então nada tinha a ver com a rebeldia alheia, acabou tendo respingos de ódio ao declarar apoio à organização da XXXperience. Mas por lá as coisas foram de menor expressão e contidas pelos próprios simpatizantes da festa, o que foi bem curioso também. Após três tentativas de mostrar que não tinham nada em comum com a organização da XXX, a paz reinou por lá.

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Enfim, dentro de todos os equívocos o que faltou foi bom senso por parte de quem pagou o ingresso, acho. Houve alguns incidentes e estes sim precisam ser investigados, mas reclamar de algumas coisas da forma como fizeram vai trazer um único resultado: cessar as inovações das festas.

Existe um preço a ser pago por quem se propõe a fazer um festival dessas proporções, manter um lineup quite com os maiores festivais do mundo é caro. Não é justo pagar um pouco mais na água em troca de ter 3 ou 4 lives que você dificilmente veria no país? Não vale a pena esperar muita organização mas procurar entender que eventos desse porte trazem junto consigo inúmeros imprevistos e pequenos incidentes?

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Reclamar faz parte da frustração, é claro. Mas é preciso antes de um pouco de bom senso. Ninguém está fazendo um favor a você, organizando algo dessas proporções. Existem custos, existem contas que precisarão ser pagas e você, como parte do processo, também precisa se contentar em fazer a sua parte. E os festivais precisam se preparar um pouco mais para atender seu público, desde o momento em que criam um perfil numa rede social até o momento em que vem a avalanche de frustrações, que eventualmente podem surgir, além de tentar a todo custo manter pessoal qualificado para atender o público durante o evento.

É isso ou curtir festinhas no sítio, com seus amigos e um belo conjunto de som, trocando CDs de sets a noite inteira, enquanto organizadores buscam empregos alternativos e levam suas criações de volta para a caixa de grandes idéias. Qual você prefere?