É mesmo estranho. Mas a máxima que diz que “os bons morrem antes” se sustenta na simples constatação de que os bons morrem muito antes do que a gente imagina ser justo pra eles. Quem cultiva o alto-astral nos arredores da sua atmosfera social acaba construindo uma roda de contagiados. Em alguns casos, uma roda de discípulos.
Na noite de ontem, um dos maiores mestres botequeiros em cuja mesa já tive a honra de me abancar foi tomar uma gelada num boteco do andar de cima. Uma figura daquelas, que sabem fazer da vida uma ode ao bom humor e ao convívio social. Um boêmio, enfim. Grande colega de trabalho, alma de primeira. Símbolo perfeito daquilo que propaga a nossa filosofia de boteco: curta a sua vida da melhor maneira possível. Em todos os aspectos.
A morte do Zé, claro, deixou uma legião de companheiros absolutamente abalados. Foi daquele jeito estúpido que só faz aumentar a revolta contra as “coisas” pela forma como elas são. Covardemente assassinado por assaltantes de merda dentro da própria casa. Uma lástima que nos tirou do cotidiano um grande camarada.
Peço desculpas aos leitores pela nota triste em plena sexta-feira, mas hoje o convite virá de uma forma diferente. Pessoas como o Zé, especialmente quando partem, me fazem perceber que a lógica da vida nem é tão complexa assim quanto se pensa.
Paradoxal, talvez. Mas basta ter bons professores para ir percebendo que o caminho certo é aquele em que você não se dá ao desfrute de perder o seu tempo valioso com problemas insignificantes.
Obrigado, Zé!
Bom final de semana!