Os blogs e o tal do vil metal


Há quem diga que o que move o mundo é o sexo, o que de certa forma é verdade. Nos meus devaneios de mesa de bar desenvolvi a teoria de que ainda mais do que o sexo, o que move o mundo é o dinheiro. Com dinheiro pode-se comprar sexo, conforto, vodca ABSOLUT™ e algumas coisinhas a mais. É o dinheiro, e a sua busca incessante, o que pauta toda a conduta humana pelos quatro cantos do globo. E, principalmente, pelos quatro cantos da web.

Digo isso porque andei pesquisando e lendo muitos blogs, de todos os tipos, para descobrir novas ferramentas e tendências da blogosfera, e vi que o tema central é sempre este: “como ganhar dinheiro”. Existem centenas de postagens e até blogs inteiros dedicados a propagar fórmulas infalíveis para transformar um reles blogueiro num futuro milionário. Milhares de serviços oferecem possibilidades derivadas da idéia central do Google AdSense: monetize o seu site vinculando anúncios ao seu conteúdo.

Se você vai escrever uma nota rápida que envolva, de alguma forma, a palavra “celular”, maravilha!, logo ao lado o seu internauta poderá dispor de 7.650 links patrocinados para adquirir os mais novos lançamentos do mercado de telefonia móvel. O resultado são blogs cada vez mais poluídos com anúncios (ir)relevantes, muitas vezes irritantemente linkados dentro do próprio texto ou abrindo aquelas janelinhas detestáveis enquanto você movimenta o mouse. A publicidade vai tomando o espaço do conteúdo e os weblogs vão se tornando cada vez mais meros macacões de pilotos de Fórmula 1.

A remuneração desses blogueiros, na maioria das vezes, é menos vultosa que o total arrecadado por um pedinte no sinal de trânsito. Cheguei a ver um tutorial ensinando a clicar em dez anúncios pagos por dia, em troca de maravilhosos US$ 0,01 por clique. Via PayPal. O sujeito mal se cadastra no programa de monetização e já sai inventando histórias de ganhos improváveis para induzir novos patos a aderirem e ganhar uma comissão extra sobre seus ganhos com vendas e novas indicações. Herbalife style total. Enquanto adolescentes e adultos babacas desorientados queimam os neurônios para descobrir um jeito novo de amealhar sua esmola virtual de cada dia, a galera do topo da pirâmide segue engrossando a conta bancária. Afinal, alguém deve estar lucrando de verdade com essa história toda.

É como diz o Vovô: não é nada, não é nada… no final das contas não é porra nenhuma mesmo. Histórias de pessoas que ganharam uma nota preta nessa malandragem de grão-em-grão me soam tão verossímeis quanto as lendas urbanas envolvendo roubos de rins e banheiras de gelo. A internet é, sim, um celeiro de oportunidades comerciais infinitas, mas somente pra quem está disposto a usar mais do que dois neurônios nessa jornada. Boas idéias, sagacidade, trabalho editorial sério, marketing inteligente, tudo isso pode ser potencializado pelos recursos tecnológicos que a web oferece. Mas daí a acreditar que basta copiar e colar uma tag HTML em seu template pra ganhar dinheiro já é muita pretensão.

Programa de filiados, indicações, anúncios relevantes, comissionamentos, vendas on-line, aumentar sua renda sem sair de casa. Tudo isso é de uma mediocridade incrível. Ainda sou adepto da idéia de que um homem possui três únicas oportunidades para enriquecer em sua vida: 1) nascendo rico, 2) casando-se com alguém rico ou 3) trabalhando pesado. Como desperdicei as minhas duas primeiras, sigo tentando chegar lá através da terceira:

Mas, enquanto isso, não custa nada aderir ao movimento oportunista pra levantar o trocado da cerveja-nossa-de-cada-dia. Seja uma alma caridosa e dê uns cliques aí nos anúncios do “Caixa 2“, no final do menu à esquerda do site. Nunca ganhei um mísero centavo com essas coisas, mas a gente sempre pode descobrir que estava errado…