Quando os jovens vão às ruas


 

(Autora convidada: Denise Pazito)

Tal como o termômetro aponta a febre, um mal anunciado, jovens nas ruas denunciam: sociedade doente! Não tem erro. Febre não é doença. É sintoma. O mesmo acontece com os estudantes. Eles não são o problema. São os sintomas. A doença da vez é a baixa qualidade do transporte coletivo. Excessos à parte, que bonito ver os jovens tomando as rédeas dos anseios de todos nós!

Só quem nunca pegou um ônibus na Grande Vitória, que pode atirar a primeira pedra, pois não sabem de nada.  Só quem nunca esteve amassado, pisado, desrespeitado, dentro de um ônibus, que pode chamá-los de baderneiros… Só quem não se desesperou em ter perdido o ônibus por questão de segundos e sabe que só quinze, vinte, trinta minutos depois ou mais, dependendo do horário, que virá o próximo! É essa a rotina de quem depende de transporte coletivo por aqui.

Sempre digo que as palavras são poderosas, podem transformar o mundo. Pois bem, deixo aqui algumas delas para reforçar esse movimento social em favor de um transporte mais justo. Entretanto, acredito que as palavras devem seguir seus caminhos, inclusive pelas ruas da cidade.

Se hoje o movimento estudantil incomoda pois fecha o trânsito, “provoca” a repressão policial, pensem que é apenas uma estratégia para mobilizar a atenção de todos.

O que são dois ou três dias de desconforto perto dos outros trezentos e sessenta e tantos, dentro dos coletivos, ano após ano, absurdamente mal tratados, mal acomodados, pelas empresas que apenas visam a seus próprios lucros, cobrando passagens tão caras? Motoristas e trocadores também são trabalhadores explorados… Sei não, mas penso que a população inteira deveria estar unida nesse belíssimo momento.

Feliz é o país onde a juventude ainda acredita!

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Foto do protesto de estudantes em Vitória por Nathanna Gomes. Charge de Amarildo.
Texto da pedagoga
Denise Pazito.