Em um mundo globalizado, pode ser difícil decifrar o que vem de onde. Enquanto algumas sociedades aceitam modelos prontos de países desenvolvidos, outras reagem a esses intercâmbios culturais criando sua própria forma de consumo, adaptada à realidade econômica e tradições locais.
Após abrir novamente o mercado de apostas e jogos de azar, o Brasil passa por esta fase de adaptação (ou podemos dizer, recepção), ao acolher no país uma indústria já estabelecida internacionalmente. Conheça neste artigo como a cultura nacional está impactando a atuação de grandes empresas, como o ICECassino.
Brasil e os jogos de azar
Se hoje o país vive uma onda crescente de adeptos aos cassinos e casas de aposta online, é importante lembrar que o contexto nem sempre foi assim tão… favorável.
Ainda não completamos uma década desde que o presidente Temer flexibilizou o decreto de Eurico Gaspar Dutra, responsável por proibir qualquer tipo de jogo de azar em território nacional em 1946 – exceto as loterias da Caixa, que vieram depois.
Foram quase setenta anos de proibição. Logo de cara, este decreto obliterou a indústria de cassino e entretenimento que existia por aqui. Grandes empreendimentos, como o Cassino da Urca, que haviam sido inaugurados apenas alguns anos antes, viram a ruína diante de seus olhos.
Por este motivo, ainda espanta os mais velhos que o país tenha regulamentado os cassinos online e casas de aposta novamente. Além dessas duas modalidades principais, “no vácuo” vieram as casas de bingo, a possibilidade de regulamentação do jogo do bicho e, principalmente, as rifas e sorteios.
Surpreende mais ainda que o povo brasileiro esteja tão aberto a este tipo de entretenimento, principalmente após tanto tempo longe dele. Desde que foi reinserido no país, a indústria brasileira de jogos de azar já movimenta bilhões de reais e está entre as cinco maiores do mundo. O potencial é gigantesco.
A chegada da indústria no país
Após a promulgação do decreto de Temer, houve uma “corrida do ouro” em todo o país. Inúmeras empresas buscaram estabelecer uma plataforma de apostas e ter a vantagem competitiva no país. Algumas vingaram, outras não.
Mas quem realmente saiu vitorioso neste primeiro momento foram as empresas internacionais que abriram operação por aqui. Com uma estrutura mais robusta, passavam segurança e um profissionalismo maior que as marcas nacionais.
Todavia, aterrissaram no país oferecendo catálogos de jogos e peças publicitárias que não dialogavam diretamente com a grande massa nacional. Fato é que o brasileiro nunca esteve realmente sem jogos de azar, eles apenas existiam de modo informal, como contravenção ou beneficente.
Além disso, o brasileiro comum ainda não tinha sido educado para apostar nos seus esportes favoritos. Termos como handicap, Over/Under e afins não faziam parte do vocabulário nacional, acostumado a apostar em números ou resultados de jogos na Lotérica mais próxima.
Estes dois fatores por si só revelam uma verdade: a cultura brasileira não aceitaria completamente um modelo americano ou internacional. Seria necessário que as empresas compreendessem o modo que este país continental gostaria de consumir seus serviços e achassem soluções condizentes.
O impacto da cultura brasileira nos jogos de azar
Quando as empresas internacionais perceberam que não conseguiam engajar completamente os brasileiros para ter os retornos esperados, muitas delas optaram por tirar o time de campo. Outras persistiram e buscaram dar ao povo o que eles pediam.
Neste meio tempo, quem realmente soube aproveitar a diferença entre o que era proposto e o que o povo pedia foram as marcas nacionais. Podemos atrelar este sucesso de marketing e desenvolvimento ao fato de que estas empresas possuíam equipes formadas por brasileiros engajados em construir realmente um setor forte e perene.
Para isso, uma investigação do que faltava na indústria foi necessária. E claro, a cultura e o gosto popular falaram mais alto e readequações foram necessárias. A primeira delas foi trazer os jogos para o idioma local. Daí surgiram as Transmissões Ao Vivo narradas por brasileiros.
Depois, os jogos de azar nacionais. Como exemplo, podemos citar o Truco e o Bingo. Tradicionalmente, não se joga Poker entre amigos, corta-se o baralho e conta-se os “tentos” com feijões.
Do mesmo modo, não temos Roletas. Unimos mesas em festividades familiares e religiosas e completamos a cartela de Bingo – cantada a nossa maneira (dois patinhos na lagoa, idade de Cristo, fim de jogo).
Outro fator era o modo que as plataformas divulgavam seus serviços. Enquanto ao redor do mundo o digital é muito forte, o brasileiro ainda consome muita publicidade física. Por isso, foi essencial para divulgação deste setor o investimento no maior veículo de comunicação esportivo do país: as camisetas de futebol.
O que vem por aí
Muito já aconteceu, mas ainda estamos nas primeiras páginas da indústria em terras tupiniquins. Estamos vendo agora a consolidação de algumas marcas nacionais e a regulamentação total deste setor.
Com o sistema de licenças, veremos marcas fortes se tornarem ainda maiores. Só que a garantia de uma indústria regulamentada e perene chama a atenção de grandes players internacionais que ainda não sentiram segurança para “apostar” investindo em uma operação por aqui.
Veremos no futuro como grandes marcas americanas, portuguesas e inglesas sentirão o impacto da cultura brasileira ao chegar por aqui. E este movimento acontecerá logo.