Batalha #Royal


 
A beleza desse site é que ele é formado por várias pessoas diferentes com opiniões completamente opostas. Para poupar o Ivo Neuman de apanhar na rua é bom deixar claro que esse post não reflete nenhuma opinião do veículo TRETA, apenas de um autor independente. Provavelmente o Ivo, pelo cyberhippie que é também não concorda com o que direi aqui.

Essa noite, durante a madrugada fui surpreendido por um livestream sobre a invasão de manifestantes ao Instituto Royal para a libertação de alguns animais utilizados em testes para produtos farmaceuticos e cosméticos etc. Se você, assim como eu, nunca tinha ouvido falar desse instituto, ele é um laboratório que faz testes toxicológicos, de citoxidade entre outros para produtos químicos que serão presentes ao nosso dia-a-dia. E infelizmente, para ser testados, precisamos de cobaias. Se você já achou um absurdo até aqui, calma que piora.

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Os vilões da madrugada!

Os testes em animais são feitos há muitos e muitos anos, e graças a Darwin ajuda a diminuir o erro quando os produtos são aplicado e testados em seres humanos. Mas testes em humanos ainda existem, não se esqueça disso. O teste em animais é necessário para ver a reação do organismo vivo exposto há algum produto ou mutado de alguma forma para sua necessidade. É cruel, mas necessário. A medicina avança na prática da tentativa e erro. Ou você acha que a primeira rejeição de orgãos foi descoberta antes do transplante? Infelizmente a medicina moderna deve muito a testes feitos em humanos nos campos de concentração durante o nazismo. Novamente cruel, mas verdadeiro.

Deixando de lado toda a polêmica do teste, vamos ao caso que apelidei carinhosamente de Batalha Royal.

Na minha breve pesquisa vi que os laboratórios do Instituto Royal são monitorados em Boas Práticas de Laboratório (BPL), segundo a norma NIT-DICLA-035, pelo Programa Brasileiro de Monitoramento BPL. E como emitem láudos, acredito que todas as suas práticas são licenciadas nacionalmente e internacionalmente.

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Luiza Mell com seu look “guerrilheira”.

Dentro desse contexto já condeno essa invasão. Não é porque condenamos a prática que temos o direito de invadir os lugares (repito, que tem suas práticas protegidas por lei) para resgatar “as vítimas”. Vi bastante comoção exagerada por ser tratar também de cães da raça “beagle”, aquele que é “esperto pra cachorro” e nos acompanhou em muitos filmes da Sessão da Tarde. Alegando que “só usam beagle porque ele é mansinho”. Obviamente. Se o resultado é o mesmo, como em qualquer negócio do mundo moderno, vamos pelo caminho mais fácil. Não entendo a lógica de utilizarmos Rotweillers e Pitbulls para custearmos ainda mais o manejo e os testes. Além de toda a questão científica do histórico da raça pura (com poucas mutações genéticas) e etc.

Li  pessoas perguntando porque não usam “só ratos”. O princípio de separar os animais já é meio equivocado nessa causa tão bonita, mas se você parar pra pensar um pouco, o manejo de camundongos é muito mais simples e barato que animais do porte de um cachorro médio, um laboratório tão cruel pensaria nisso ao invés de escolher o beagle apenas por que seria legal.

Outro tópico seria o sacrifício de animais pós teste. Um animal submetido a um teste mal sucedido certamente terá sequelas. Sequelas essa que poderão causar uma morte lenta e dolorosa. Talvez o sacrifício seja uma morte mais digna a um animal que já teve o azar de ser triado para testes laboratoriais.

Não se iludam achando que isso é só para um batom ou um creme, é testado também substâncias para remédios essenciais na vida de muitos brasileiros e são mais comuns que se imagina.  Bonito é ver o blog da Luiza Mell (quem?) apoiando a causa com ótimos argumentos desmantelados com um simples printscreen.

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Tá, não concordo, mas devemos nos conformar?

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Isso pode!

Não, obviamente que não. Peçam laudos de inspeção das práticas do Instituto. Se não forem atendidos, fechem rodovias até que eles apareçam. Se não concordam com as leis e a liberação, protestem contra elas, mas não contra um instituto que apenas as usa. Se não concorda com o financiamento do governo a ele, se acorrentem nas grades da prefeitura de São Paulo.

Sério, não invadam os locais. Não criem precedentes para resgates como esses. Do jeito que o mundo é sem noção, alguém vai sugerir um resgate ao dinheiro nos bancos contra os juros exorbitantes. Uma surra ao carroceiro que chicoteia a sua mula. Invasão a Friboi por assassinar vaquinhas.

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Isso não pode!

Antes de encerrar mais algumas verdade, empresas farmaceuticas e de cosméticos que não realizam testes animais e estampam isso, provavelmente usam produtos já testados ou apenas terceirizam o serviço. Se o teste não for feito no Brasil, será feito em outro país que permite, elevando os custos de produção do medicamento/cosmético. Sim há medidas alternativas que em muitos casos tornam os produtos inviáveis comercialmente devido ao seu elevado preço. Se você quer colaborar de verdade tem duas alternativas: Ou abdique de todo produto que necessite de testes ou pague mais caro (e não reclame).

Enquanto revisava o texto, vi uma série de tuites da @MeninAndrea, que tem mais conhecimento sobre a causa e disse algumas verdades na timeline. Tomei a liberdade de publica-los aqui.

Só para apimentar o caso, lembre-se que o que foi feito essa noite, aos olhos da lei, pode ser considerado invasão de propriedade privada, roubo de animais que eram propriedade da  empresa e, se o promotor quiser avacalhar, formação de quadrilha. Por isso eu digo: proteste, mas dentro da lei.

Quem quiser ler algo mais técnico e não apenas simples suposições desse cruel blogueiro recomendo a leitura: Os ‘zooxiitas’ e a polêmica do uso de animais em experiências.