Como estragar uma festa usando uma cenoura


Gênio genioso sendo genial:

É impressionante como certos vegetais, quando mal compreendidos, podem assumir um protagonismo inesperado. Não estou dizendo que você deva levar uma cenoura a uma festa com más intenções. Ninguém acorda e pensa: “Hoje vou causar um pequeno caos social com um legume.” Mas acontece. É da natureza humana. E da cenoura também, aparentemente.

Foi num aniversário de trinta-e-poucos, aquela idade em que ninguém sabe se compra cerveja ou azeite extravirgem de presente. Levei uma cenoura. Não por provocação, mas porque estava dentro da sacola onde eu havia colocado o vinho. A cenoura caiu na festa como um primo inconveniente que ninguém sabe de onde veio, mas que de repente já está contando piadas sobre o governo.

A coisa começou inocente. Um dos convidados, desses que confundem ironia com personalidade, viu a cenoura e resolveu transformá-la em objeto de interação social. Colocou na testa e começou a imitar um unicórnio vegano. Rendeu risos. Quatro taças de espumante depois, a cenoura já tinha passado por pelo menos seis pessoas e adquirido mais histórias do que o dono da casa.

“Essa cenoura não tem glúten!”
“Vamos fazer um jogo: quem ficar com a cenoura no final paga a rodada!”
“Gente, e se a gente fizesse um drink com a cenoura?” (Alguém já tinha feito. Não recomendo.)

A festa degenerou com uma velocidade proporcional ao número de vídeos sendo gravados com a cenoura. Uma convidada achou que seria espirituoso colocar a cenoura no freezer para “refrescar o clima” (palavras dela). Outra achou de bom tom enfiá-la no bolso do namorado alheio, que não entendeu nada ao ser chamado de “coelhinho corporativo”.

No auge do delírio etílico, a cenoura foi declarada “símbolo oficial da festa”. Foi amarrada a um cordão de nylon e girada no centro da sala como um pêndulo de Newton rural. Nesse momento, a metade sensata das pessoas (as que ainda distinguiam entre conceitos como “gravidade” e “instagramável”) foi embora.

Resultado: no dia seguinte, acordei com três notificações no WhatsApp. Todas com vídeos de uma cenoura voando perigosamente perto de um abajur caríssimo. E um áudio da aniversariante:
“Ivo, você pode explicar por que a minha avó está perguntando sobre ‘a dança da cenoura’?”

Posso. Mas prefiro não. Há histórias que se explicam melhor no silêncio. Ou numa boa salada.

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