O DJ e produtor de renome intergaláctico Rica Amaral tinha oütra-alternativa na vida: ser um profissional da odontologia. Na batalha entre o bem e o mal, dividido, tal e qual ao coração do jovem Anakin, Rica rompeu com o Sistema e fez história, especialmente na cena psicodélica brasileira (Wikipedia, please) e, particularmente, na minha biografia (ainda não publicada).
Trocando em miúdos, ao invés de simplesmente se deixar ser sodomizado pelo capitalismo ortodoxo (como eu insisto em permitir), ele partiu pra uma carreira digamos assim, “open air”, com autorização expressa dos convives para usar tatuagens em partes descobertas, piercings estratégicos, alargadores, penteados de cunho jamaicano e tietes ouriçadas de idade errônea.
Lembro daquela verdadeira surra que levei do disquijóquei quando vinha caminhando pelo sítio, curtindo a brisa, com um cigarrinho e uma cerveja. Era uma manhã de domingo normal, não fosse pelo detalhe de eu estar no meio da edição capixaba da XXXperience, selo de evento que leva o nome de Rica, e seu compadre, o Feio.
A batida vinha acelerada e o sol e a poeira já tavam pocando a atmosfera em Guarapari depois de uma noite inteira de apresentações alucinantes e eventos parapsicodélicos idem (naquilo que os especialistas chamam de uma legítima “rave de meleca preta”).
Quando a gurizada descobre que dá pra aguentar um rock que adentra pelo dia seguinte, a responsabilidade do DJ, no comando das picapes e caixas de som, é justamente garantir a sanidade mental dos transeuntes. Coisa que ele não fez naquela ocasião.
Foi a primeira vez que eu ouvi um reggae interrompendo uma série de psichadellic fullon e entendi o contexto. O resto da história, infelizmente eu não posso contar neste horário.
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Tudo isso pra dizer que nós vamos formar uma parceria com a Ecologic na produção da próxima edição (em 22 de agosto) e existe alguma chance de Rica participar da gravação do programa piloto ultra-secreto do TRETA.