Acho que pelo menos uma vez na vida todo mundo já deve ter se pegado pensando "minha vida daria um filme" (ou livro, ou novela mexicana…), e quanto mais pessoas vou conhecendo sou obrigado a acreditar que a maioria daria mesmo – ficção nenhuma supera a fina ironia da realidade.
Certa vez fiz esse exercício mental e imaginei a sério como poderia ser um filme contando a minha história. Sem contar as cenas que seriam certamente cortadas pelo departamento jurídico, acho que ainda daria pelo menos uma comédia romântica meia boca pra sessão da tarde.
O começo renderia boas imagens, explorando uma estética manjada do cinema brasileiro: nasci no Rio de Janeiro, no pé do morro do Salgueiro, de uma típica família carioca suburbana, ou seja, uma família atípica. Mãe professora, pai artista plástico… Uma avó devota da Igreja, a outra mãe-de-santo. Consigo imaginar boas cenas. Peladas descalço nas ruas da vila, imagens aéreas do Cristo Redentor. O divórcio dos meus pais pode acrescentar um pouco de drama à trama, só pra dar um clima. Solo de violino.
Corta para o colégio católico elitizado no Espírito Santo, o gordinho CDF bolsista cara-de-pau que era o primeiro a querer tirar par-ou-ímpar pra escolher o time e evitar que fosse o último a ser selecionado. O mesmo que fomentou a prática de modalidades mistas durante o recreio, para possibilitar interações físicas com as meninas (e não ser o pior do time).
Usualmente indisciplinado, minhas desculpas mirabolantes cada vez que eu era mandado à sala da orientadora da escola me fizeram ouvir desde cedo que eu "daria um bom advogado". Fiz vestibular pra Direito acreditando ser esta minha inequívoca vocação: a encrenca. E não poderia estar mais certo. Antes mesmo de me formar fui processado. Duas vezes.
Umas cenas de tribunal sempre ficam legais pra aumentar a dramaticidade da trama.
O curso era interessante e tudo, mas eu já tinha percebido que minha área era outra. Trabalhei com meu pai em algumas campanhas publicitárias e durante a faculdade minhas principais preocupações eram o site oficial da turma (internet cai bem em qualquer roteiro hoje em dia) e, claro, a festa anual épica que realizávamos. Entra o videoclipe de balada louca com luzes piscando e mulheres seminuas.
Formado e concursado, vivi durante um bom tempo sob conflito de identidades. De dia, funcionário exemplar do ofício burocrático. De noite, blogueiro polêmico com atração gravitacional para (mais) problemas jurídicos. Nas horas vagas ainda rolava frequentar umas raves. Mais luzes piscando e mulheres seminuas.
Cansado da vida de escritório, decidi que a vida era muito curta pra usar gravata e fui atrás dos meu sonhos – quase como em "Um dia de fúria". Pra ficar legal no filme poderiam colocar uma cena minha brigando com a máquina de xerox.
O jovem "eu" neste momento decide entregar-se a uma aventura alucinante na maior metrópole brasileira, São Paulo. Mais um migrante otimista cheio de disposição para explorar os recantos coloridos da cidade cinza. Videoclipe com panorâmicas da cidade e estética hip hop.
Na pauliceia desvairada onde tudo pode acontecer, cada dia é um filme inteiro. E a julgar pelas loucuras que tenho vivido desde que abandonei minha zona de conforto, posso concluir que trabalhar com o que se gosta e viver como se quer é uma decisão que pode transformar o filme da sua vida em uma longa franquia repleta de continuações e lançamentos…
A essa altura eu aposto que você já parou pra pensar como seria o filme da sua própria história. Não tem problema, era essa a intenção mesmo…
Quem acha que tem um enredo de vida interessante ou inusitado pode assistir à própria biografia de camarote com direção e interpretação do fera Lázaro Ramos em uma produção caprichada com técnicas de projeção mapeada em 2D e 3D. Imagina que louco!
Pra isso você precisa enviar a sua história no site da campanha #DirijaMinhaHistória, lançada pra divulgar o lançamento do novo Ford Ka. Se liga no vídeo:
CLIQUE AQUI para saber mais informações e enviar a sua participação!