Imagine um robô. Mas não um robô qualquer, desses que aspiram o chão ou respondem perguntas idiotas com voz metálica. Pense num robô invencível. Mais especificamente, um robô invencível no jogo de pedra-papel-ou-tesoura.
Esse robô foi criado por um gênio da computação, desses que só saem do quarto para buscar mais café e que são confundidos com fantasmas pela família. Ele programou o robô para ganhar todas as partidas de pedra-papel-ou-tesoura. E, se perder uma vez, recalcular todas as probabilidades para nunca mais perder novamente. Uma máquina que faz o Deep Blue, aquele que venceu o Kasparov no xadrez, parecer um brinquedo de criança.
E então, um belo dia, o inventor do robô decide apresentar sua criação ao mundo. Organiza uma competição de pedra-papel-ou-tesoura. Qualquer um podia desafiar o robô. E lá vão eles, os destemidos competidores humanos, achando que sua astúcia e intuição poderiam derrotar uma máquina. Coitados.
Primeiro competidor: “Pedra!” Robô: “Papel!” Um a zero para o robô.
Segundo competidor: “Tesoura!” Robô: “Pedra!” Dois a zero para o robô.
E assim foi, um após o outro, todos derrotados. A plateia, antes confiante, agora começava a se questionar. Afinal, um jogo tão simples, reduzido a uma fórmula matemática. Será que não temos mais nada?
A questão é que o robô não sabia fazer outra coisa. Não sabia cozinhar, não sabia contar piadas, não sabia nem o que era amor. Mas no pedra-papel-ou-tesoura, ele era invencível. E havia algo de profundamente inquietante nisso. Porque o jogo, que sempre pareceu tão bobo e sem sentido, agora tinha um vencedor absoluto.
O inventor, feliz, recebe seu prêmio e volta para o quarto, onde o robô fica. A plateia se dispersa, cada um com suas reflexões. Será que um dia criaremos um robô que ganha da gente na vida, assim como esse no pedra-papel-ou-tesoura? Tomara que não. Mas se criar, espero que saiba fazer um bom café.
Como uma máquina pode ser invencível no Jokenpo? Simples: com um sensor que identifica a jogada do adversário algumas frações de segundos antes de colocar pedra, papel ou tesoura.
– – –
Dica cibernética do Bobolhando.