Oi, meu nome é Ivo Neuman e eu faço porque gosto. Na maior parte do tempo sou um dedicado proletário que trabalha duro num emprego sério servindo a um dos maiores conglomerados empresariais do país. Nas horas vagas eu mantenho o TRETA, este site chinfrim em formato de blog, feito à base de tecnologia barata, gambiarras sem precedentes e conteúdo irresponsável. E que ainda assim coleciona mais de meio milhão de visitantes diários e um belo milheiro de assinantes fiéis.
Não ganho dinheiro com o blog. Não que eu não queira. Simplesmente não sei como ganhar qualquer caraminguá sem fazer o TRETA virar um blog que eu mesmo não visitaria. Simples assim.
Já me sugeriram entupir nossas páginas com propagandas diversas ou fazer postagens sobre temas mais “visados”, mas creio que quem entra nessa vida não sabe onde vai parar. Começa fazendo um título inocente com o nome da atual capa da Playboy “nua, pelada, sem roupa e sem calcinha” e termina se tornando um blogueiro frio e calculista.
Disse e repito: me inclua fora dessa! Tanto que imediatamente assim que fechamos a primeira e última conta para receber o primeiro e último pagamento do Adsense, tratei de arrancar os anúncios do Google das zonas de evidência do site. De inconveniente e irrelevante já basta o nosso conteúdo.
O TRETA é um projeto com pretensões filosóficas, quase religiosas. Além de um hobby divertido e uma boa desculpa para reuniões de pauta pra lá de animadas com a equipe de loucos que me acompanha, o que ganho com o TRETA é ver que até mesmo um imbecil ridículo como eu pode ter seus 15 segundos de evidência. Aí você me pergunta: pra quê?
Quem escreve quer ser lido, isto é óbvio. Ser elogiado, especialmente quando é por gente que você admira, também é muito bacana. Mas o melhor de toda e qualquer repercussão que eventualmente conseguimos sempre é poder ampliar o alcance das nossas brincadeiras, passando a bola para outras pessoas expressarem suas opiniões sobre temas que jogamos pro centro do debate.
Antes de ser um blogueiro, sou um leitor inveterado de blogs. Troquei a leitura cotidiana do jornal de papel pela leitura cotidiana dos feeds dos meus sites e blogs favoritos. O Estadão que me perdoe, mas a diferença é absurda. Particularmente, fico com os macacos.
O problema de acompanhar os blogs de perto é ver que existem pelo menos duas centenas de pessoas que fazem muito melhor aquilo que você imbecilmente insiste em se propor a fazer. A web é vasta e possui ferramentas cada vez mais inteligentes para você garimpar conteúdo de primeira e alimentar um blog de variedades. Não dá pra competir com o Jacaré Banguela, ou o OMEdI, ou O Velho, ou o Jovem Nerd, ou o Chongas, ou o Irmãos Brain. São blogueiros mais talentosos e mais dedicados – e provavelmente com mais tempo disponível – que eu.
Mas ainda assim eu sigo tocando o TRETA do jeito que dá: habitando a linha tênue que separa “oportunismo” de “vigarice”. Na malemolência. Ganho um tapinha nas costas aqui, um elogio rasgado ali, e sigo blogando feliz. Faço porque gosto.
Gosto de saber que você, seja lá quem você for, perdeu alguns (cada vez mais preciosos) minutos do seu dia atribulado pra ler o que eu tinha pra escrever e chegar até aqui. Gosto de ouvir que alguém decidiu fazer uma conta no Blogger influenciado pelo TRETA. Gosto de ser lembrado como “melhor post do ano” e “melhor blog de humor” numa eleição em que nem sequer fiz campanha. Gosto quando recebo comentários e e-mails de contato com toneladas de feedback pra todos os gostos, ainda que eu não tenha o tempo necessário pra responder à altura. E, principalmente, gosto quando vejo que algumas de nossas idéias acertaram num alvo que só existia em nossos devaneios.
O Super Trunfo Blogs virou um baralho de verdade. O Kibe Loco aprendeu a linkar. E agora a Dani Koetz vai sair na Playboy.
Continuem me dando corda e eu não respondo pelos meus atos.
Paz do Senhor!
Ivo Neuman
treta@treta.com.br
(Mais detalhes sobre as façanhas do TRETA no próximo post)