Precisando de uma balada para comemorar esta importante data incorporada ao calendário brasileiro? Seus problemas estão só começando acabaram!

Olha, eu não sei nem por onde começar porque esse flyer é um fóssil antropológico de uma era em que o ser humano ainda estava aprendendo a usar o Photoshop enquanto desaprendia a ter pudor. Já começa com o conceito “Festa do Halla o Hímen” que é aquele tipo de trocadilho que te denuncia pra polícia de costumes mesmo que ninguém tenha te denunciado. É tão 2007 que eu quase senti o cheiro de cigarro Free dentro de balada underground.
O design é um inferno ocular: fogo, neon, sangue fake, pumpkin spirit Halloween, fonte com bevel… aquilo ali foi feito com a convicção estética de quem acredita que reflexo metálico nas letras é mais importante que os direitos humanos. E ainda tem a clássica lógica do flyer de putaria da época: “PI-RI-GÓ-TI-CAS”. O conceito é simples: pegar duas palavras que já são ruins sozinhas, fundir e criar uma terceira pior… é quase alquimia sem supervisão ética.
A copywriting é outro show de horror: “Garotas com lingerie a mostra: entrava VIP”. Quer dizer, o marketing da humilhação como plano de negócio. Se viesse hoje ia ter nota pública do Ministério Público, thread no Twitter e PDF de indignação no LinkedIn explicando “por que isso é problemático”. Em 2008 era só terça-feira.
Mas a parte que me mata é a naturalidade documental. Porque essa peça não é só feia, nem só moralmente questionável. Ela é evidência histórica do modo como, antes da invenção do cancelamento, o Brasil fazia qualquer coisa com glitter, promessa de darkroom e R$10 reais de entrada. Hoje, se fizer uma festa dessas, você sai trendando no TikTok como case de estudo socioantropológico de cringe pré-civilizatório.
Em resumo: esse flyer é o tipo de coisa que a gente não queima nem por vergonha, a gente preserva como peça de museu pra mostrar às próximas gerações por que a humanidade mereceu passar por pandemias, colapsos econômicos e terapia comportamental.





