Se uma fórmula de sucesso já foi testada e aprovada por grandes audiências, por que não fazer um remix criativo e adaptá-la sem escrúpulos? No que depender dos roteiristas da televisão contemporânea não vai faltar déjà vu obedecendo a lógica de Lavoisier na programação da sua telinha:
Vocês já perceberam que a televisão está vivendo um déjà vu eterno? Parece que os roteiristas resolveram adotar a lógica de Lavoisier: na TV, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
É como se existisse uma fórmula secreta, uma equação infalível que, uma vez descoberta, garantisse audiência cativa e corações conquistados. E, claro, os produtores não são bobos nem nada – se uma série faz sucesso, por que não fazer um remix criativo e adaptá-la sem escrúpulos?
Tomemos, por exemplo, o fenômeno dos dramas médicos. O pioneiro “ER” abriu caminho, e desde então, temos sido bombardeados por uma avalanche de médicos bonitões e enfermeiras dedicadas, todos enfrentando dilemas éticos enquanto salvam vidas. Se a equação deu certo uma vez, nada impede que seja usada de novo com pequenas variações: troca-se o hospital, muda-se a cidade, adiciona-se um romance proibido aqui e um paciente misterioso ali, e voilà, temos uma nova série de sucesso.
Outro exemplo clássico é o das séries policiais. Desde “Law & Order” até “CSI”, passando por “Criminal Minds” e “NCIS”, a fórmula básica é sempre a mesma: um crime, uma equipe de investigadores brilhantes e uma resolução surpreendente no final do episódio. E, claro, o público assiste a tudo com a mesma devoção de quem acompanha uma novela das oito.
Mas o mais fascinante é a matemática criativa aplicada pelos roteiristas para manter as coisas interessantes. Pegue a equação básica de um drama familiar: um pai ausente, uma mãe heroína, filhos problemáticos e um segredo do passado. Agora, adicione variáveis como superpoderes (“Heroes”), invasões alienígenas (“Roswell”) ou um cenário pós-apocalíptico (“The Walking Dead”), e pronto! Temos um novo hit.
E se engana quem pensa que apenas os dramas se beneficiam dessa alquimia televisiva. As comédias também seguem fórmulas precisas. “Friends” definiu o padrão dos grupos de amigos em apartamentos descolados, e a partir daí, surgiram inúmeras variações, de “How I Met Your Mother” a “The Big Bang Theory”. O segredo é manter a essência – amigos engraçados vivendo situações inusitadas – e adicionar pitadas de originalidade, como um bar ao invés de um café ou nerds ao invés de yuppies.
O truque, meus caros, está na dosagem. Assim como na cozinha, a receita certa depende das proporções exatas de familiaridade e novidade. Os roteiristas de TV são mestres em reaquecer pratos velhos e fazer com que pareçam novos banquetes. Eles sabem que o público gosta de reconhecer elementos conhecidos, mas também precisa de uma pitada de surpresa para manter o interesse.
Então, da próxima vez que você se pegar assistindo a uma série e pensando “já vi isso antes”, lembre-se: você está testemunhando a magia da matemática criativa da televisão. E, convenhamos, quem não gosta de um bom remix de vez em quando? Afinal, se a fórmula já foi testada e aprovada, por que mexer no que está dando certo?
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Em conspiração com o Byte Que Eu Gosto!