Além da Usura, outro mal terrível que acomete alguns publicadores (sejam jornalistas ou blogueiros) é o SEnsacionalismO. Em letras garrafais.
O sensacionalismo é o vício editorial que move o mercado em – quase – todas as mídias. Funciona assim: o publicador encontra um conteúdo bacana em uma determinada fonte e cria uma manchete escandalosa para chamar ainda mais atenção que a versão original da notícia.
Com sensacionalismo, qualquer relato ganha pinta de flagrante.
A publicação mais representativa da prática sensacionalista de todos os tempos é o famoso tablóide inglês The Sun. Mas pra entender o que é sensacionalismo de uma forma simples, ligeira e nacional, basta dirigir-se à banca mais próxima com apenas um real na carteira. Compre o que o dinheiro der e leia a chamada das notícias de capa:
Dinheiro, mulher, famosos e tragédia: precisa de mais o quê?
Na internet, o sensacionalismo não é uma mera questão de linguagem e comunicação. É uma questão de linguagem, comunicação, e principalmente de posicionamento. O título de um post é a “manchete” daquele conteúdo e como tal, supostamente contém a idéia central de que trata a matéria.
Se eu quero ver “fotos da Samambaia nua, pelada e sem calcinha“, nada mais lógico do que procurar por manchetes que contenham essas tags.
É assim que o Google enxerga cada página dessa internet sem porteira. Ele e os demais sites de busca alimentam a prática sensacionalista, fazendo com que certos publicadores cibernéticos optem por chamadas aberrantes e temas popularescos. São estes os autores de blogs que, se fossem impressos em papel (existe jornalog?), seriam vendidos por R$ 0,50 ou menos. A publicidade veiculada pagaria a totalidade – ou quase – dos custos de produção.
O TRETA de papel seria útil para a leitura sanitária.
Um jornalog é algo que eu gostaria muito de ver. Mas só por curiosidade mórbida mesmo. Imagino que as versões impressas do Sr. Hype, Uhull e do próprio Blog do Cardoso, por exemplo, trariam cabeçalhos otimizados em letras garrafais com tamanhos variando de acordo com a importância do termo, da mesma forma que uma nuvem de tags.
Outra coisa desagradável na hipótese dos jornalogs seriam os anúncios relevantes em cores e posições estratégicamente embutidas para confundir o leitor. Queria ver o Adsense contabilizar quantas pessoas colocaram o dedo sobre um link patrocinado impresso no papel.
Enfim, toda essa digressão foi pra tentar estabelecer um paralelo entre as táticas comerciais implementadas nas duas mídias. Pra refletir que a MENSAGEM é uma categoria mais “categórica” que o MEIO EMPREGADO.
E pra concluir que a picaretagem de resultados pode habitar qualquer tipo de tablóide, seja ele impresso ou virtual.
O sensacionalismo transforma qualquer bobagem num hype.
O mais importante, em todas as mídias e todas as circunstâncias, é prezar pela propriedade de um cérebro e saber perceber o contexto em que cada mensagem está envolvida. Diferenciar o joio do trigo é o segredo pra você deixar de ser um pato recorrente de estratagemas patifes e aprender a se divertir com as piadas involuntárias.
Um cérebro e seu uso adequado podem te dar “superpoderes” para escapar imune às artimanhas sensacionalis
tas. Com um pouquinho de senso crítico, razoabilidade e malícia, qualquer um é capaz de identificar uma matéria financiada por patrocinadores subliminares, um post pago, uma manchete capisciosa ou um viral forçado. É só deixar o alerta ligado.
O Cocadaboa é um exemplo clássico de picaretagem. Com seu noticiário absurdo, mesclando notícias verdadeiras e inventadas, o site colecionou vítimas de seus boatos e seu autor, o carioca Mr. Manson entrou pra história da imprensa brasileira como o “Rei do Hoax“.
O Cocadaboa apronta desde os primórdios até hoje em dia.
No final das contas, tudo é culpa do sensacionalismo. Quando reportado com o tom e a empolgação adequados, seja mentira ou verdade, qualquer informação parece ser incrivelmente crível.
Não se irrite com as manchetes sensacionalistas e os títulos oportunistas. Ainda que perversos e sorrateiros, na maioria das vezes são eles que nos conduzem a descobrir o que, de fato, é SENSACIONAL.
Paz do Senhor!